Um estudo publicado no periódico JACC CardioOncology descreveu o resultado do acompanhamento de mais de 4000 mulheres com câncer de mama em relação ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mulheres com idade entre 50 e 79 anos e fisicamente ativas antes do diagnóstico de câncer de mama tiveram 20% a 37% menos eventos cardiovasculares quando comparadas às mulheres sedentárias. Os eventos estudados foram: angina (dor no peito), necessidade de cirurgia para revascularização miocárdica (conhecida como “cirurgia de ponte de safena”), AVC (o popular “derrame”) e doença vascular periférica.
Segundo o estudo, é provável que as pacientes que mais se exercitavam também toleraram melhor os efeitos cardiovasculares tóxicos do tratamento do câncer. Além disso, a maioria das mulheres que já se exercitavam antes do diagnóstico continuou a se exercitar durante o tratamento. Tal fato também pode ter influenciado positivamente seu prognóstico.
“Os avanços no diagnóstico e tratamento permitiram que cada vez mais pacientes sobrevivam ao câncer de mama. Entretanto, a doença cardiovascular continua sendo o principal risco de mortalidade e piora da qualidade de vida das mulheres que sobrevivem a esse câncer”, alerta a cardiologista Renata Castro, especialista em medicina esportiva.
“Os autores concluíram o artigo alertando para a importância do exercício físico regular antes e após o diagnóstico de câncer de mama. Apesar dos benefícios da atividade física sobre o prognóstico de paciente com câncer de mama já serem conhecidos há muitos anos, ainda hoje muitas pacientes não são alertadas para essa necessidade. O trabalho conjunto de oncologistas e médicos do esporte é essencial para a correta orientação dessas pacientes, minimizando os riscos da atividade física, reduzindo os efeitos colaterais dos tratamentos e obtendo os máximos benefícios no combate ao câncer de mama”, completa a médica.
Números do Inca sobre Câncer de Mama
Segundo dados do Inca, o câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. No Brasil, esse percentual é de 29%. Excluído o câncer de pele não melanoma, é o mais frequente nas mulheres das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.