A vacinação é dos maiores avanços da humanidade em termos de custo na saúde pública
Sabia que no dia Mundial da Saúde o tema de destaque é imunização? Há 50 anos, o Brasil registrava, todos os anos, cerca de 100 mil casos de sarampo e 10 mil casos de poliomielite. Nessa época, o país ainda não tinha um programa de vacinação definido pelo Ministério da Saúde, e apenas alguns estados ofereciam vacinas, o acesso era limitado, principalmente para as crianças. O impacto familiar, social, econômico e no sistema de saúde era grande.
Para entender melhor, os hospitais tinham enfermaria só para cuidar desses pacientes infectados por essas doenças, que atualmente são prevenidas por meio da vacinação disponível no SUS (Sistema Único de Saúde). “À medida que o programa de imunização do Ministério da Saúde foi se estruturando e se fortalecendo, sendo reconhecido mundialmente pela oferta de vacinas gratuitas, a população foi se vacinando, entendendo a importância, e doenças contagiosas foram erradicadas”, explica a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues.
Além disso, uma consequência da redução no número de crianças vacinadas são as sequelas e a sobrecarga para os serviços de saúde que deixarão de atender outras doenças para cuidar dessas que podem ser evitadas por meio da vacinação. “A vacina além de ser um mecanismo de proteção, evita o adoecimento, e sequelas irreversíveis como cegueira, surdez, paralisia infantil”, alerta a coordenadora.
Impactos familiar
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas evitam entre 2 milhões e 3 milhões de mortes por ano. Mas como explicar isso para sociedade, que um dos maiores avanços contra as doenças na história da humanidade são as vacinas? Sabemos que as pessoas podem escolher, mas o problema é que, será que todas sabem que quando a cobertura vacinal cai, podem surgir epidemias?
Foi o que aconteceu no Estado do Amazonas ano passado. “Nós tivemos agora um surto de sarampo que tiveram ocorrência de mais de 10 mil casos, com 13 mortes em crianças menores de 5 anos. Crianças que poderiam estar conosco, poderiam ter um futuro pela frente e não estão não mais com a sua família, porque não foram devidamente vacinadas” , relata a coordenadora.
Segundo a infectologista Karen Morejon, membro do Comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a nova geração de pais não viu ou não vivenciou os casos de sarampo porque foi vacinada quando criança. “Eles não sabem da gravidade da doença”, alerta a infectologista.
Morejon destaca ainda, que ao não levar uma criança para se vacinar, os responsáveis estão tirando a chance dela se proteger. “Protejam o bem que mais amam. O bem que o pai e a mãe mais ama é o filho. Vacinar uma criança é um ato de amor”, orienta Karen. Ela lembra que todas as vacinas necessárias são oferecidas pelo SUS.
Por isso, o Ministério da Saúde reforça a importância das campanhas e do combate aos movimentos antivacinas. “No caso do sarampo, o desenvolvimento neurológico é afetado, que vai afetar o desenvolvimento cognitivo dela para o resto da vida, ou seja, essa criança, ela vai ter dificuldade de aprendizagem, ela pode ter outros problemas de saúde que podem inclusive levar a morte, é isso que a população precisa entender”, comenta Domingues.
Impactos Social
Diante dessas preocupações, os que pensam que o problema é unicamente combater as doenças, estão totalmente equivocados, o impacto econômico e social é assustador. “Quando temos um surto as pessoas deixam de visitar nosso país, ou seja, o turismo diminui, os eventos internacionais tendo menos circulação de dinheiro no momento em que mais precisamos”, comenta Domingues.
Quando uma a população deixa de ser vacinada, as pessoas ficam suscetíveis, possibilitando a circulação de agentes infecciosos. E quando isso vai se multiplicando, não comprometem apenas quem deixou de se vacinar, mas também aqueles que não podem ser imunizados, seja porque ainda não têm idade suficiente para entrar no calendário nacional, seja porque sofrem de algum comprometimento imunológico.
Além disso, Carla Domingues explica as consequências econômicas. “Quando uma pessoa fica doente ela tem que parar de trabalhar, ela vai deixar de ir ao serviço. Se ela tem uma carteira assinada ela vai ficar no INSS, se ela não tem, naquele período que ela está doente, vai deixar de ter a sua remuneração”, explica.
Olhando para a causa
Nos últimos três anos, o Ministério da Saúde passou a olhar com mais cuidado o problema da baixa cobertura vacinal. “Há um movimento para resgatar a credibilidade da vacina e fazer com que a população entenda todos esses problemas pela falta de vacina”, alerta Carla. Para ela, o próprio sucesso do programa de imunização erradicando as doenças, fez com que os pais deixassem de vacinar seus filhos achando que as crianças não pegariam mais as doenças.
Para aumentar e garantir uma maior proteção aos brasileiros, os Ministérios da Saúde e da Educação firmaram uma parceria com o objetivo de ampliar a vacinação em crianças e adolescentes. As escolas vão atuar junto com as equipes de atenção básica para atualizar a caderneta dos estudantes.