Setembro é o mês amarelo. A cor representada a prevenção do suicídio e a luta contra o câncer Infatojuvenil. Falar sobre crianças e adolescentes até 19 anos com câncer não é fácil. Mas, mesmo se tratando de um momento complexo na vida das pessoas envolvidas, hoje podemos contar com os avanços das pesquisas, tecnologia, e dos tratamentos que possibilitam maiores chances de cura quando temos um diagnóstico precoce.
O setembro dourado busca alertar profissionais da saúde, pais e a sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer infantojuvenil, contribuindo com a sua detecção e tratamento precoces. “Para que ele seja curável, é necessário que ele seja tratado, que a criança seja diagnosticada precocemente e tratada em centros especializados em atenção à criança”, explica a Sima Ferman, chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo a estimativa do Inca, em 2018 o Brasil teve 12.500 novos casos de câncer na faixa etária de zero a 19 anos. Assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.
O câncer infantil tem algumas particularidades porque a doença não está associada a fatores de risco, como está em casos em adultos – por exemplo, fumo relacionado ao câncer de pulmão. “É uma doença que acontece no corpo da criança e que ainda não temos uma causa, um estudo das causas das doenças definida ou alguma coisa do ambiente que a gente possa prevenir. Por outro lado, o câncer da criança é altamente curável, reponde muito bem à quimioterapia e isso é a grande notícia em relação ao câncer da criança”, destaca Ferman.
Panorama nacional
O câncer infantojuvenil engloba, na verdade, vários tipos de câncer. Entre 2009 e 2013, a doença foi responsável por cerca de 12% dos óbitos na faixa de 1 a 14 anos; e 8%, de 1 a 19 anos. As leucemias representam o maior percentual de incidência (26%) nessa faixa etária, seguida dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central (SNC) (13%).
As diferenças entre os cânceres infantis e de adultos consistem principalmente nos aspectos morfológicos (tipo do tumor), comportamento clínico (evolução) e localizações primárias. Nas crianças e nos adolescentes, a doença geralmente afeta as células do sistema sanguíneo, o sistema nervoso e os tecidos de sustentação. Nos adultos, as células epiteliais, que recobrem os órgãos, são as mais atingidas. Enquanto o câncer no adulto apresenta mutações, geralmente em decorrência de fatores ambientais, ainda não há estudos conclusivos sobre a influência desse aspecto.
Como identificar os cânceres infantis
Diagnóstico Precoce
Na fase inicial, os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil podem se assemelhar a sintomas de doenças comuns da infância. Logo, é importante sempre avaliar. “O que nós do Inca sempre orientamos os pais é que muitas vezes a criança não inventa sintoma. Por isso, todas as crianças devem ter um acompanhamento ao pediatra regularmente e toda queixa que a criança tem deve ser valorizada. E isso serve também para os profissionais de saúde”, alerta Ferman.
Os profissionais, por sua vez, além de valorizar as queixas, devem identificar os sinais e sintomas e avaliar quando uma criança pode ter uma condição mais séria e necessitar de exames para investigação diagnóstica. “Todo sintoma que não é bem explicado ou persistente deve levantar a suspeita que deve ser uma situação mais séria. Quando a criança vai ao posto duas ou três vezes com o mesmo sintoma, isso pode ser um alerta”, esclarece a doutora.
Tratamento disponível e gratuito
No Sistema Único de Saúde (SUS), as crianças têm acesso ao tratamento oncológico, independentemente do tipo de tumor. Cada caso terá uma forma de abordagem e, por essa razão, um tratamento único, individualizado. A assistência especializada abrange sete modalidades integradas de tratamento: diagnóstico, cirurgia oncológica, radioterapia, quimioterapia (oncologia clínica, hematologia), medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos.
Fonte: Luiza Tiné, para Blog da Saúde com informações do Inca