O hábito acontece principalmente em momentos de preocupação, tédio ou nervosismo e pode desencadear inflamações e hepatite
Hábito de roer unhas, que começa por volta dos três ou quatro anos de idade, a onicofagia é um problema que afeta entre 20% e 30% da população mundial e que pode intensificar-se na adolescência. Estudo publicado em 2016 pela revista PubMed revelou que esse comportamento pode estar relacionado ao nervosismo, tédio, fome, frustração e perfeccionismo. A prática pode levar a inflamações, dores e infecções causadas por fungos que se proliferam em pequenos ferimentos decorrentes desse hábito.
A pesquisa mostrou também que há uma tendência familiar de imitar o vício de parentes que tenham costume de roer unha e que nesse hábito é possível encontrar prazer, alívio e conforto que podem, de forma enganosa, reduzir estresse, irritação e insatisfação.
Segundo a psicóloga Virginia Uchôa, a onicofagia intensifica-se, principalmente, em momentos de tensão, nervosismo e durante o período escolar, tornando-se um problema crônico por estar relacionado a disfunções psicológicas e emocionais, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
“É um comportamento que se inicia ainda na infância e que pode ser intensificado na adolescência, sendo mais comum no período escolar e em jovens que estão cursando a faculdade, e se estender até a fase adulta. Um hábito que pode se desenvolver em qualquer pessoa, podendo ser transitório e intensificar-se em um momento de maior estresse. A onicofagia pode se fortalecer como um hábito prolongado durante a vida por estar correlacionado a disfunções psicológicas e sociais”, explica Virginia.
Gravidade do problema
Segundo a dermatologista Aline Salmito Frota, retirar pedaços das unhas pode abrir pequenos ferimentos que são portas de entrada para fungos, vírus, bactérias, infecções – chamadas paroníqueas – acarretando em doenças como celulite infecciosa, hepatite A e diarréia, prejudicando ainda a dentição e musculatura do maxilar.
“Ter essa mania [de roer unhas] pode trazer problemas sérios para a saúde. Doenças infecciosas, infecções e lesões localizadas que podem servir de chamariz para doenças graves, tanto nos dedos, como no esôfago e maxilar, além de prejudicar o crescimento saudável das unhas”, explica Aline.
Tratamentos
Ainda segundo Virginia Uchôa, a psicoterapia pode ser importante para controlar a onicofagia, já que vai auxiliar no autoconhecimento, buscando os motivos geradores do comportamento, que pode identificar outros transtornos que irão desencadear a compulsão.
“Em outros casos, o hábito compulsivo e de difícil controle encontrado em uma pessoa com onicofagia pode fazer necessário o encaminhamento ao tratamento psiquiátrico para que seja iniciado o uso de medicamentos. Porém, o mais recomendado é procurar um psicólogo para entender os reais motivos que estão levando a esse problema”, finaliza Virginia.
(Fonte: Jornal O Povo)